Em julho deste ano, a reportagem do Coluna do Fla trouxe o primeiro levantamento dos grupos políticos do Flamengo. Na época, muitos ainda estavam indefinidos e o cenário contava com apenas três candidatos. Desde então, mais três postulantes ao cargo máximo do clube surgiram, e houve até mudanças de posicionamento. Agora, com o quadro mais claro, trazemos uma atualização, que ainda pode ser alterada, caso nem todas as chapas consigam formalizar suas inscrições.
O mês de agosto foi crucial para algumas definições. Em meio à polêmica sobre a escolha da data da eleição, grupos da base de apoio do presidente Rodolfo Landim assinaram uma carta junto com Rodrigo Dunshee, candidato escolhido para a sucessão, pedindo a alteração do dia do pleito. Entre os signatários estavam DNA Rubro-Negro, Fla+, Fla Esportes, Fla Raiz, Nosso Fla, Sinergia Rubro-Negra, União Rubro-Negra e Vanguarda Rubro-Negra. O grupo Mais Rubro-Negro, embora não tenha assinado a nota, também se juntou a eles, formando a maior coalizão até o momento.
“O grupo está na base da administração desde o primeiro mandato do Rodolfo. Continuamos no segundo e, com essa indicação, a maioria decidiu apoiar o time atual, pelo êxito da gestão. Eu, pessoalmente, conheço o Dunshee desde a gestão do Edmundo Santos Silva, quando ele foi vice-presidente geral e eu diretor. Temos uma boa afinidade“, afirmou Marcelo Melo, presidente do Mais Rubro-Negro.
Logo após a divulgação da data da eleição, Maurício Gomes de Mattos (MGM) ganhou o apoio do grupo Flamengo Sem Fronteiras, que anteriormente havia decidido se manter neutro. O silêncio de alguns candidatos sobre a escolha da data fez com que o grupo mudasse de posição, unindo-se à Frente Flamengo Maior, GRAP (Grupo Raça, Amor e Paixão), Fla-Clones e Vitória, totalizando cinco grupos em apoio a MGM.
“Diante da análise das pré-candidaturas e de seus posicionamentos em temas chave, a executiva do Flamengo Sem Fronteiras decidiu, por unanimidade, apoiar integralmente a candidatura de Maurício Gomes de Mattos“, anunciou o grupo em suas redes sociais.
Diferente de Maurício, que recebeu o respaldo da oposição a Rodolfo Landim, Luiz Eduardo Baptista, conseguiu atrair o apoio de grupos que antes faziam parte da base do executivo atual. FAM (Flamengo Até Morrer), FAT (Flamengo Acima de Tudo), Ideologia Rubro-Negra e Raiz Original, dissidência do Fla Raiz que permaneceu com Dunshee, compõem a base de apoio de Bap, tornando sua candidatura a que mais dividiu a situação. Ainda angariou sócios de outros grupos, como Ricardo Hinrichsen, candidato na última eleição, que deixou o Flamengo Sem Fronteiras.
“Mais de 60 associados da FAT se uniram, na última terça-feira (27/08), em torno da campanha de BAP, firmando um pacto de confiança e compromisso com o Flamengo”, disse Fábio Domingos, presidente da FAT.
Wallim Vasconcellos, que chegou a ser cortejado tanto por Bap quanto por Dunshee, lançou sua candidatura no início de agosto. Procurado por alguns grupos, foi convencido de que o momento era ideal para concorrer. Ele tem o apoio dos grupos Pró-Fla, Flafut e Sempre Flamengo, que também integravam a base de Landim em mandatos anteriores.
“Nós somos do grupo Flafut, grupo de apoio à sua candidatura, e nada mais justo do que a gente dizer hoje que queríamos você presidente, antes mesmo de lhe conhecer pessoalmente, porque a gente conhece sua história dentro do Flamengo. O pouco contato que a gente teve, mesmo através da mídia, a gente soube sempre do seu interesse em prol do Flamengo, sem ter nenhum tipo de interesse pessoal ou interesse de ajudar ninguém”, declarou Mário César Machado, membro do Flafut, em evento de Wallim com associados.
No início de agosto, o grupo Fla Tradição e Juventude, liderado por Leonardo Ribeiro (Capitão Léo) e o desembargador Siro Darlan, decidiu lançar a candidatura de Pedro Paulo, em uma chapa própria. O advogado foi escolhido em uma reunião interna. “O movimento ‘Flamengo Tradição e Juventude’ decidiu lançar uma chapa para o próximo triênio no Clube de Regatas do Flamengo. O encontro que definiu como cabeça de chapa o advogado e apaixonado rubro-negro Dr. Pedro Paulo aconteceu ontem (02/08) na churrascaria Carretão do Lido e contou com a participação de notáveis Beneméritos, com destaque para o desembargador aposentado Siro Darlan. Agora, a próxima etapa será de articulações para homologar a chapa e angariar votos“, anunciou o grupo em suas redes sociais.
Delair Dumbrosck foi o último a anunciar sua candidatura no fim de agosto. Até o momento, nenhum grupo formalizou apoio à sua chapa, já que o cenário político do clube estava praticamente consolidado.
Dois grupos decidiram não apoiar nenhum candidato nesta eleição: Advocacia Rubro-Negra, que ficou dividido, e o SóFla, que após grande protagonismo nos dois triênios (2013-2018) de Eduardo Bandeira de Mello, perdeu força e passará por mais um pleito sem atuação coletiva.
O Fla Barra, conhecido nos últimos meses pela participação do prefeito Eduardo Paes em seus jantares, não é um grupo político. Entre seus fundadores estão dois pré-candidatos, Delair e Maurício. O grupo é uma confraria que reúne representantes de todas as correntes políticas do Flamengo. O mesmo acontece com o Garden, um grupo mais tradicional e antigo, cujos membros migraram para o Vitória, onde agora se posicionam politicamente. Seus encontros tradicionais também reúnem sócios de diversas vertentes do clube.
A IMPORTÂNCIA DOS GRUPOS NO PROCESSO ELEITORAL
Os grupos políticos ganharam muita importância a partir da eleição de 2012. Isso porque, muitos conjuntos foram fundados tendo o SóFla como modelo. Desse modo, no processo eleitoral, ajudam com a mão de obra no dia a dia e toda a rotina estafante que envolve a eleição dentro da sede da Gávea. Geralmente, os membros ganham papéis importantes em uma campanha e são os responsáveis por conversar com os associados que não militam na política, buscando votos para seu candidato. Se Bandeira de Mello contou com o Sócios pelo Flamengo em suas gestões para articular politicamente e travar batalhas de narrativas nas redes sociais — incluindo os debates nos grupos de WhatsApp —, Rodolfo Landim contou com dezenas deles em suas gestões. Pessoas ouvidas pela reportagem garantem que apenas essa base de apoio não é suficiente para vencer uma eleição, especialmente a de 2024, que promete ser muito acirrada.
AS ARTICULAÇÕES COM GRUPOS POLÍTICOS
Para fechar com um grupo político, os pré-candidatos fazem promessas de implementação de projetos e também em troca da possibilidade de cargos remunerados e não remunerados, como vice-presidências, diretorias, ingressos de arquibancada e camarotes. Em dezembro de 2021, ficou famoso, através de uma matéria do site Ser Flamengo, o descontentamento do Flamengo Raiz. Tal qual havia indicado Guilherme Kroll em 2020 para a pasta de Esportes Olímpicos, mas exigia mais cargos e ameaçaram romper com Landim, que, na ocasião, contava com mais dez outros grupos como aliados.
Outra maneira de contar com apoios dos grupos durante o processo eleitoral é na formação da chapa, que conta com cadeiras do Corpo Transitório (os membros eleitos) no Conselho Deliberativo e no Conselho de Administração. No CoDe, a chapa primeira colocada elege 60 membros efetivos e 20 suplentes; a chapa segunda colocada elege 20, sendo 15 efetivos e cinco suplentes, se atingir 20% dos votos válidos na eleição. Já no CoAd, o vencedor coloca 48 membros efetivos e 24 suplentes. O segundo lugar tem 18 vagas, sendo 12 efetivos e seis suplentes.
A eleição está marcada para o dia 09 de dezembro, e Delair Dumbrosck, Luiz Eduardo Baptista (Bap), Maurício Gomes de Mattos (MGM), Pedro Paulo, Rodrigo Dunshee e Wallim Vasconcellos são os pré-candidatos ao cargo máximo do Flamengo.
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