Rio de Janeiro, RJ, 8 (AFI) – O Flamengo viveu momentos agitados nos bastidores nos últimos anos, e quem abriu o jogo sobre tudo foi Bruno Spindel, que deixou recentemente o cargo de diretor executivo do clube.
Em entrevista, ele revelou que o clube tentou repatriar Jorge Jesus em três oportunidades, mas esbarrou em questões contratuais e propostas de outros mercados. O ex-dirigente ainda detalhou a crise do soco em Pedro, as decisões sobre técnicos e o fim da sua passagem pela Gávea.
Spindel, que chegou ao Flamengo em 2012 para o marketing e depois assumiu o futebol, acumulou 13 títulos como diretor executivo. Ele contou que, após a saída de Jorge Jesus em 2020, o treinador português sempre foi um nome desejado no clube.
“A gente tentou muito o Jorge (Jesus). Encontramos, jantamos, mas a situação dele no Benfica era incerta. Depois, tentamos novamente quando não renovamos com Dorival e, por fim, quando veio o Sampaoli, mas sempre havia algum impedimento contratual ou proposta de peso de outros clubes”, afirmou Spindel.
PROCURA POR TÉCNICOS
A passagem de Spindel também foi marcada por uma verdadeira dança das cadeiras no comando técnico. Ele lembrou que, em seis anos, foram 11 treinadores e cinco demissões, o que custou mais de 50 milhões de reais em multas rescisórias.
Apesar disso, o dirigente destacou que a maioria das trocas resultou em títulos importantes, mostrando o peso de um elenco vitorioso.
Sobre a crise do soco em Pedro, ele não escondeu a dificuldade de contornar a situação:
“Foi a crise mais difícil e que teve mais consequências. O time estava voando, vínhamos de vitórias importantes, mas o episódio tirou tudo dos trilhos. Demos total apoio ao Pedro e tentamos aparar as arestas para o grupo se recuperar”.
Já a renovação de Gabigol, outro tema quente, não teve final feliz apesar do início promissor. Para Spindel, a história do atacante com o clube é de gratidão, mas reconheceu que “podia ter tomado outro caminho no final”.
BASTIDORES, NEGOCIAÇÕES E TRANSIÇÃO
O ex-diretor também falou sobre a profissionalização do departamento de futebol, destacando investimentos em estrutura e ciência de dados, além da importância do setor de scout em contratações como Gerson, Pablo Marí e Rodrigo Caio.
A respeito de saídas rápidas, como a de Alcaraz, Spindel disse que o valor pago estava correto e que faltou tempo para o jogador se firmar.
No período sob comando de Luiz Eduardo Baptista, Spindel perdeu espaço e se concentrou em garantir uma transição tranquila para o novo diretor, José Boto.
Ele afirmou que seu papel foi repassar todo o conhecimento acumulado e alertar para contratos e possíveis reforços, como Gabriel Jesus, Yuri Alberto e outros nomes.
“Coloquei o Flamengo acima de tudo para garantir uma transição suave”, explicou.
Sobre negociações difíceis, citou Bruno Henrique, Gerson, Rafinha, Filipe Luís e Arrascaeta, lembrando até encontros em Madrid e situações inusitadas com atletas e empresários. Spindel encerrou seu ciclo com orgulho, destacando o aumento do valor do elenco e a base profissional deixada no clube.