Campinas, SP, 23 (AFI) – O Dia do Aviador, celebrado em 23 de outubro, marca o feito histórico de Santos Dumont, que em 1906 realizou o primeiro voo homologado da história com o 14-Bis, em Paris. Mais de um século depois, o espírito de Dumont — de quem ousa, desafia limites e busca alturas — também se reflete em histórias do futebol brasileiro. Três delas, em especial, ajudam a entender como o esporte carrega algo do mesmo impulso de quem nasceu para voar.
Em Florianópolis, o Avaí Futebol Clube representa uma dessas conexões simbólicas. Fundado em 1º de setembro de 1923, o clube recebeu o nome em homenagem à Batalha do Avaí, travada em 1868 durante a Guerra do Paraguai.
Embora o nome remeta a um episódio histórico militar, a sonoridade e a simbologia acabaram associando o Avaí à ideia de voo e liberdade — e não foram poucas as vezes em que torcedores e campanhas usaram expressões como “O Leão da Ilha voando em campo” para traduzir momentos de superação e bom futebol.
BEIJA-FLOR QUE PAIRAVA NO CÉU
O espírito de altitude também se encarna em Dadá Maravilha, ídolo do Atlético Mineiro e um dos personagens mais carismáticos do futebol nacional. Dario José dos Santos ganhou fama nos anos 1970 por seu estilo explosivo e frases que misturavam humor e autoconfiança.
“Não existe gol feio; feio é não fazer gol — e eu voo pra fazer o meu”, dizia o atacante, que parecia realmente desafiar a gravidade em seus saltos e cabeceios. Para o torcedor, Dadá não apenas jogava — ele decolava.
O MARCO DE SUPERAÇÃO
Mas talvez nenhuma história una de forma tão profunda o futebol e o céu quanto a da Chapecoense. Em 2016, o clube catarinense vivia o auge de sua trajetória e viajava para disputar a final da Copa Sul-Americana quando o avião que levava a delegação caiu na Colômbia.
O acidente vitimou 71 pessoas e chocou o mundo do esporte. No entanto, das cinzas da tragédia nasceu um símbolo universal de solidariedade, fé e renascimento. A reconstrução da Chapecoense tornou-se um exemplo de superação e manteve viva a lembrança de todos os que partiram — um verdadeiro “voo eterno” na memória do futebol.
Assim como Santos Dumont olhou para o céu e acreditou que era possível voar, o futebol brasileiro também se alimenta dessa coragem — a de ir além, mesmo diante do impossível. No Dia do Aviador, o esporte presta homenagem não apenas aos que cruzam os ares, mas também aos que, em campo, encontram maneiras próprias de desafiar a gravidade.